As searinhas do Menino Jesus

A Partilha de uma troca de experiências entre gerações – na Obra de Santa Zita da Estrela.
Os utentes da OSZ fizeram e cuidaram as sementeiras e os meninos da Escola Ressano Garcia trouxeram uma prenda; levaram as sementeiras para continuarem a cuidar delas. Realizamos diversas actividades para que o objectivo do evento pudesse ser concretizado conforme planeado e tudo correu bem. Realçamos os momentos de alegria e de afecto entre todos!
Segue a explicação da tradição.
1 – Tradições:
a) “As searinhas do Menino Jesus”, como tradição de Natal típica de muitas zonas do país.
A sementeira é feita no dia de Nossa Senhora da Conceição - As famílias semeiam estas searas de trigo em pequenos recipientes, por norma no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição.
Estas searas em miniatura crescem, até estarem bonitas para o dia de Natal, altura em que são colocadas na terra, fora de casa. O Menino Jesus há-de assim proteger estas searas, ao longo do ano, até darem espigas e grão de que se faz o pão. Lembram-se do “pão por Deus” de que falámos em novembro? É da farinha do grão que é feito…
Trata-se claramente, para os Cristãos, de uma referência ao mistério da Sagrada Eucaristia (Missa), em que Deus Se nos torna presente, na hóstia. Também o Senhor nasce, assume a nossa carne, para nos livrar do pecado, e, tal como a semente que é enterrada para nascer, Ele oferece o sacrifício de Si mesmo na cruz, para nos remir.
Paralelamente, a deusa Ceres (deusa dos cereais), na antiga Grécia, era a deusa protectora das searas. Estava associada ao cultivo da terra, colheita e fertilidade e ao ciclo da vida e da morte da natureza. A sua filha Proserpina tinha sido raptada e levada para as profundidades da terra (adormecimento da natureza, no outono) e só lhe era permitido vir visitar a mãe, na primavera, que é quando a natureza acorda do sono do outono e inverno, com as plantas a brotarem da terra.
2 – Significados:
• O processo de desenvolvimento da semente e o crescimento natural humano: no seio da terra (como no amor do seio maternal), no nascer, desenvolver, amadurecer, morrer, renascer…
• O esforço do empenhamento - cedências, sacrifícios para obedecer aos papás e aos professores, saber esperar uma recompensa (tal como a semente na terra, à espera de nascer), renunciar ao egoísmo para dar espaço ao bem do próximo, tal como a semente que renunciou à sua forma para dar lugar a uma plantinha…
• O mérito do desempenho – com recompensas materiais (prendas, prémios) e imateriais, para os que estudam, as boas notas, diploma final e alegria interior pelas boas acções praticadas, não é? Assim, são parecidos à nova plantinha…
3 – A importância de partilharmos o nosso saber e a nossa alegria com outras gerações: os mais idosos – representam o passado (raízes que nos agarram à nossa identidade) e o presente intensamente vivenciado de modo que, as duas gerações, em conjunto, aprendem a sonhar e vislumbrar o futuro, para estes últimos.